"E não há maneira de escapar à violência da tempestade, a essa
tempestade metafísica, simbólica. Não te iludas: por mais metafísica e
simbólica que seja, rasgar-te-á a carne como mil navalhas de barba. O
sangue de muita gente correrá, e o teu juntamente com ele. Um sangue
vermelho, quente. Ficarás com as mãos cheias de sangue, do teu sangue e
do sangue dos outros. E quando a tempestade tiver passado, mal te
lembrarás de ter conseguido atravessá-la, de ter conseguido sobreviver.
Nem sequer terás a certeza de a tormenta ter realmente chegado ao fim.
Mas uma coisa é certa. Quando saíres da tempestade já não serás a mesma
pessoa. Só assim as tempestades fazem sentido."
Haruki Murakami - Kafka à Beira Mar
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